segunda-feira, 24 de maio de 2010

Capitulo 2 - Comunicado

Infelizmente venho informar que Luis, ou melhor, o Monge Peregrino, faleceu no dia 22 de maio às 17 horas. Luis, foi um homem digno e deixa sua esposa Vera Lúcia e seus filhos. Porém a sua história deve continuar sendo contada. Nos propusemos, familiares e amigos, a tentar resgatar as vidas que se enlaçaram com a do nosso Monge e contá-las através desta página. Infelizmente, não temos nenhuma mostra de que publicaremos histórias com alguma frequência, mas cuidaremos ao máximo para que a verdade seja dita.

Um grande abraço a nossos leitores, ou melhor, familiares.

Luis Márcio Pereira Júnior

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Capítulo 1- Marcos

Minha memória não tem me ajudado muito, ultimamente. Alguns dias esqueci quem sou, ou melhor, esqueci de minha história. O doutor disse que foi uma amnésia, sorte que consegui me curar, com a graça do meu senhor deus. E , assim, conseguirei continuar a contar minhas aventuras. Estou deitado na cama, como sempre, e todos estão na cozinha comendo, e chorando, por me verem perder um pouco de vida a cada segundo. Meus olhos fitam o vazio do quarto e uma foto ao me lado, onde se encontram Eu, Vera e Marcos, um senhor de sabedoria exemplar. Lembro que eu e minha amada estávamos sentados em uma praça, conversando e observando o canto dos pássaros. Estávamos desanimados, pois simplesmente ninguém nos ouvia. Não tínhamos o feedback necessário para nos animarmos. Lembro que estava abraçado a minha Lucia, quando ele chegou.

- Bom dia...

- Fale companheiro... – respondi.

- Sou Marcos estava caminhando por aqui e algo mandou conversar com os senhores.

- Nossa... Sério? Que estranho... Você faz o que da vida? – perguntou Vera.

- Sou pedreiro, estudei até a quarta série.

- Hm!? Sente-se conosco, estamos observando os pássaros e comentando nossa falta de sorte. O senhor
nos conhece? – perguntei.

- Não. Apenas senti vontade de falar com vocês, como já falei algo me chamou aqui. O que você fazem?

- Bom, nós caminhamos pela cidade deste vasto país, profetizando a palavra do senhor de praça em praça. – respondeu Vera.

- Nossa, que interessante, vocês devem ter muitas histórias pra contar neh!?

- Sim, com certeza... Um dia ainda escrevo tudo em um diário. – respondi.

- Mas que religião é a de vocês?

- Nossa religião é o amor a deus, aos animais, aos seres, ao mundo! – de repente senti a empolgação voltar para meu corpo.

- Que lindo! Sua empolgação é envolvente. Porém percebi, quando cheguei, que vocês não estavam muito bem, o que lhes apetece?

- Bom – começou a explicar minha amada- não temos nenhuma resposta, quando estamos falando ninguém para, ninguém reflete. Parece que estamos falando com as paredes! – esbravejou irritada.

- É... Marcos? Sabes que precisamos de alguma resposta para nos sentirmos motivados, parece que nosso trabalho está sendo em vão. Em algumas cidades reunimos aglomerados de pessoas, mas na maioria não. – completei.

- Hm!? Entendo... Sabe, profeta...

- Não ... Chame-me de monge peregrino.

- Sim, sabes monge peregrino, que hoje as pessoas estão cada vez mais céticas e o amor cada vez mais morto. Ninguém acredita mais nesses sentimentos, aliás não sei nem se as pessoas acreditam em sentimentos. Todos vão para o trabalho, do trabalho para casa e assim vai sua vida, lógica e racionalmente. Sem emoção. Além do que, quando se tem uma experiência ruim essas pessoas se bloqueiam para estes sentimentos, ligando eles ao sofrimento. Tens que achar uma forma de romper esse muro.

- Mas como? – perguntei.

- Amigo, acho que era isso que tinha para lhe falar. Vá salvar este mundo. Vá lá!
Apenas confie em Deus, que ele te guiará.

- O que você acha Vera? – virei para observá-la.

- Acho que o marcos está certo... – disse ela me fitando – marcos, você poooo.... Marcos? – nosso amigo havia sumido.

Bom você pode estar se perguntado: “E a foto? Vocês não tiraram uma?”. Calma, não estou ficou desmiolado ainda. Depois de algum tempos, Marcos nos revelou que era nosso anjo guia, e que era um corpo que vibrava em uma freqüência superior a dos vivos, pois sua existência era findada no amor. Nunca fora um ser humano. Aparecia apenas quando era necessário, já que colocar seu corpo na mesma vibração que a de um ser, para aparecer aos nossos olhos, lhe custava muita energia. Então, em uma tarde ensolarada, batemos esta foto. Grandes recordações. Senhores, apenas quero lembrar, que este não é um retrato fiel dos acontecimentos, mas apenas a reconstrução de vagas lembranças. Espero algum dia voltar a escrever em meu diário....

Um grande abraço, a todos, que me lêem. Mas lembrem-se o AMOR é a base para a felicidade. Toda a felicidade que não tem amor, é calçada em uma areia movediça, e pode desmoronar a qualquer momento.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Capítulo 1- O milagre

Senhores, todo homem tem que ter um grande amor. Independente de sexo. Nós precisamos de alguém ao nosso lado. Encontrei minha flor. E, juntos, caminhamos por muitos lugares. Agora mesmo, ocorre-me um dia em que ajudei um cego. Fiz com que ele enxergasse. Sim, fi-lo enxergar. 

Sabe, estava em uma rua, cantarolando sobre o amor.  Após terminar meu discurso, uma senhora magra e pequena com olhos cansados veio até mim, pegou minhas mãos e disse:

- Muito lindo o se discurso... Você é um profeta, não?

- Sim... Meu pai chamou-me para esta empreitada e procuro fazer renascer o amor, a flor esquecida, no coração das pessoas.

- Sus palavras me inspiraram muito. Porém gostaria que o senhor ajudasse meu filho. Ele ficou cego e não enxerga mais a vida...

- Com todo o prazer senhora... Leve-me até lá e no caminho conte o que aconteceu.

Então fomos, eu e Vera, juntamente com a senhora. Ela explicou que seu filho era muito ativo. Gostava de esportes, diversão e era dotado de uma alegria inspiradora. Porém perdera a visão em um acidente de carro, quer dizer, fazendo alpinismo... Bom, não lembro mais, desculpem a falha, minha memória é mais velha que eu. Lembro que, após ter perdido a visão, ele não saia de seu quarto. Ao chegarmos à sua casa, pedi a senhora que nos servisse um cafezinho, pois não comíamos há muito tempo.

- Bom como você se chama?

- Maria de Lourdes Goulart. E o senhor e sua esposa?

- Bom, podes me chamar apenas de Monge Peregrino.

- E eu sou a Vera. Aliás, sua casa é muito confortável. Simples, mas rica em sua simplicidade. Acho que esse sentimento bom vem da senhora.

- Minha filha, não fale assim... Procuro, apenas fazer minha parte nesse mundo. Ajudo muitas pessoas por ajudar, melhor dizendo, para ir pro céu. Não quero reconhecimento dos homens, mas de Deus.

- Então a senhora irá pro céu, tenha certeza. Pois tu não te promoves em cima disso, e nem o faz com essa intenção. – falei tentando passar, através do meu olhar, todo o amor possível.

- Bom vou levar-lhes até meu filho.

A senhora levantou-se e me chamou. Caminhamos por um corredor, a casa era pequena. Logo chegamos ao quarto. Ela abriu a porta e acendeu a luz. Vi na cama um menino forte, com porte atlético, estilo bonitão.  Entrei no quarto e a senhora fechou-a, nos deixando a sós. Fiquei uns segundos fitando o garoto, acho que deveria ter 20 ou 21 anos. Cada vez mais, acreditava que ele iria se recuperar. De repente, cortando o silêncio, ele falou:

- Você que é o famoso monge?

- Sim.

- Poderia me curar? Não posso ser cego. Não consigo saber o que se passa. Minha vida acabou!

- Meu filho, se você pensa que sua vida acabou, pois não consegue vencer essa adversidade, então ela acabará. Sabe, somos dotados de algo chamado adaptação. Nós, meros seres humanos, temos o dom de nos adaptar e vencer as adversidades. Conforme-se, pois a vida está tentando te mostrar algo. Ela está te ensinando. E este é o seu destino. Porém se pensares dessa maneira já estais morto.

- Mas como poderei viver sem enxergar? Como saberei se a mulher com que estou é bonita ou não? Como irei ler?

- Olha, acho que pensas que estamos na idade média... Já temos a linguagem braile, cachorro guia, entre outras coisas. Além do mais, o que importa a beleza de uma menina?

- Importa muito! Poxa... Eu sempre fui conhecido por andar com beldades, namorar beldades. E agora? Não posso ficar com feias!

- Mas porque filho? Porque a beleza tem essa conotação no teu coração?

- Porque dá prazer andar com mulheres lindas.Algumas são chatas, mas não me importo com isso.- Respondeu ele levantando-se, de forma a ficar sentado na cama.

- Saiba que quem vive de aparências e não de sentimentos terá lembranças vagas e superficiais. De modo, há tortura-se todas as noites. Temos que buscar a companhia de quem nos ama não de quem é bonito. Pois isso pouco acrescenta nas nossas relações. Atitudes dignas é que nos fazem ter amigos. – Peguei na mão dele e comecei a falar em um tom mais brando e leve, mas com firmeza e acreditando no que dizia-Você irá aprender, agora, o quanto a beleza não importa. Porém devo te contar uma história.

- Sou todo ouvidos. – respondeu dando toda sua atenção a minhas palavras.

- Havia, em uma cidade perdida, um menino chamado Ray. Ele era feliz, brincava todos os dias com seus amigos e seu irmão. Porém uma doença o acometeu, deixando-o cego. Ele sentira o mesmo que tu: Medo. Sua mãe, porém, não o ajudava. Deixava-o caminhar sozinho e fazer as coisas. Ele foi se acostumando com sua situação. Um dia ouviu um som lindo e lírico vindo das proximidades de sua casa. Era um velho afinador de pianos, que dedilhava em um piano que acabara de afinar. O menino seguiu o som e chegando à oficina do velho, descobriu o que seria a maior paixão de sua vida, a música. O afinador lhe ensinou a tocar. Mal sabia ele que estava criando um gênio da música. Mais tarde ficaria conhecido como Ray Charles. Movia-se pelo som. Não usava nada, nem bengala, nem cão.

- Não sabia disso. Sério?

- Aham, vi num filme.

- Ah... - esbravejou decepcionado.

- O que foi? O importante é a mensagem não o meio com que ela é passada. E essa é a mensagem que quero lhe trazer. Há muitas possibilidades para você agora. Perdesses a visão, mas ainda tens o paladar, o tato e a audição. Pior seria se tivesse perdido a vida. Aí sim estarias pego. Acredite meu amigo.  Eu acredito em você. Porém tudo depende do teu alterego. Se continuares com esse pensamento, aqui será o fim da linha. -Aproximei-me dele e dei um abraço forte, passando todo meu amor, ele me abraçou firme e começou a chorar.

- Você tem razão monge, devo enxergar as portas que se abriram não as que se fecharam.

- Sim, meu amigo.  Acredite em você e deixe aflorar o amor!

E assim terminei o dia. Partimos Vera e eu, da casa para outro rumo. A senhora nos agradeceu muito por termos ajudado seu filho.  Saímos com um ar de alegria. Senti que havia mudado o pensamento do garoto.

 Aprendi muito nesse dia, meus poucos leitores. Acho que percebi o quanto somos cegos e não enxergamos a vida. Somos cegos que enxergam. Eu diria cegos de coração. Talvez se sentíssemos mais o momento e racionalizássemos menos, seríamos mais felizes.

Anos mais tarde, vi meu amigo nas paraolimpíadas correndo. Fiquei muito feliz. Está aí um exemplo de pessoa que enxerga o mundo. Espero ter-lhes ajudado, poucos leitores de minhas histórias. Agora o médico e o medo se aproximam. Espero trazer mais histórias com mais freqüências as minhas páginas, antes que me levem deste mundo.  Até a próxima memória.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Capítulo 1 - Minha Amada

Muitos, em minhas caminhadas, perguntaram minha religião. Por isso responderei a esta pergunta nessas linhas... Senhores, minha religião é o bem e meu ser superior... DEUS! Não sou de nenhuma tribo e nunca professei que se alguém me seguisse estaria salvo da morte no apocalipse. Aliás, essa divisão e essa guerra tribal, para provar qual a melhor fé, só nos levam a morte e a um mais fácil controle por parte das pessoas por detrás destas “seitas”. Quem faz o bem é de minha religião. Esclarecido esse fato devo-lhes contar alguma aventura. Lembro, do dia em que conheci minha amada. Sim, tenho mulher. Não há algum crime em se amar e fazer amor. Qualquer forma de amar é divina! Antes de começar devo-lhes alertar que minha memória já não sabe de alguns detalhes.

Estava caminhando por mais uma cidade, acara de chegar e procurava um lar para repousar durante os dias vindos. Sei que as praças são os melhores lugares para se começar uma busca. Por isso me dirigi a praça central, acho que já tinha uns 20 anos, não lembro ao certo. Chegando à praça observei ao meu redor e vi os pássaros as arvores, pessoas sentadas nos bancos remoendo suas vidas, porém meus olhas pararam naquele ser de olhos castanhos, pele morena, e um sorriso que comovia qualquer coração masculino. Fitei-a sem parar, talvez todos já houvessem percebido, mas seu rosto observava a manhã e, sentada, dava milho aos pombos de uma forma angelical. Meu coração começou a bater forte, minhas mãos suaram e minha coragem fugiu, se escondeu em algum canto de meu corpo. Porém não poderia deixar ela escapar. Comecei a caminhar até ela, lembro que a cada passo mais forte batia meu coração. Ao me aproximar ela me olhou e disparei:

- Senhora...  Sou um viajante do senhor, caminho pelas cidades professando sua fé e tentando ressuscitar o amor no coração das pessoas... Vim até esta cidade e preciso de um lar... Poderias me ajudar?

- Senhor... Não sou burra. Queres me roubar? Sai já daqui seu fedorento... - disse com raiva - aliás, sua luta, se é que me dizes a verdade é vã. O amor não existe.

- Senhora – respondi com firmeza- só porque tu não o enxergas, em tua vida, não significa que ele não exista. Olhe para este lugar, veja o sorriso dos casais, o sorriso de uma mão para a filha. Ele não existe? Pense bem senhora... Lembre-se de sua infância, lembre-se dos sorrisos, das amizades.

- Como? Minha mãe morreu em meu parto, fui rejeitada por meu pai. Morei em um orfanato por muito e agora estou aqui. Sabes do que trabalho? Sou dançarina de strip, não tenho namorado e só vejo drogas e morte ao meu redor. Achas que o amor ainda está em mim? Eu que sou fruto do demo.

- Não penses assim – me aproximei- me deixe ficar em sua casa que lhe mostrarei a verdade.

- Moro sozinha, não terá problema.

E assim fomos para casa. Descobri que seu nome era Vera e como toda Vera, Lúcia. Morava no subúrbio em um barraco humilde, mas acolhedor. Passei muitos dias ao seu lado. Levei-a para ver meus discursos e a cada dia sentia que algo crescia entre nós. Todas as noites íamos a seu trabalho e eu observava seu corpo, enquanto meu desejo crescia. Aproveitava estas idas para levar todos que trabalhavam naquela boate a meus discursos e tentar mudar a sua vida. Anos mais tarde, alguns me agradeceram pela fé e o amor que trouxe a suas vidas. Porém estava ali com um objetivo maior. Conquistar minha paixão à primeira vista e agora, após a convivência de uma semana, meu amor.  Nunca sabemos quando as coisas acontecem, mas creio que ela dava sinais de seu interesse por mim. Até que um dia, uma cena simples fez com que nos amássemos. Eu ia saindo do banheiro pela porta e ao mesmo tempo ela ia entrar, esprememos nossos corpos. Fitei-a nos olhos, paramos um segundo e a beijei. Acariciei seu corpo. Tirei seu vestido e nos amamos ali naquele instante eterno. A manhã passou como um sonho bom. Começamos a morar junto, mas minha caminhada não podia parar. Convidei-a para me seguir. “Não posso tenho minha vida, minha casa”, dizia. “Linda, que vida? Sua casa é onde sua mente está, preciso de ti comigo. Amo-te!”, respondi. Ela arrumou sua mala de mão, e partimos unidos para enfrentar o mundo. Agora neste exato momento, ela espia esta história por minhas costas. Claro, resmunga de alguns detalhes que errei, mas essa é a versão particular dela. O importante é ressaltar que nosso amor sobrevive até hoje. Ela é minha santa. Meu segundo deus. Sem ela não seria tão feliz como sou. Não teria filhos nem netos.  Amigos... Amem! Amem de qualquer forma! Só o amor liberta!  Chega por hoje, minha linda Vera já está mandando-me descansar. Quando lembrar de mais alguma memória, voltarei a estas páginas eletrônicas.
Até mais.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Capítulo 1 - A existência

Começo pedindo desculpas para os poucos que lêem minhas fragmentadas memórias. Sei que deveria escrever com mais afinco, mas estive durante estes dias passando muito mal de memória. Um médico disse que talvez seja decorrência do meu tumor no cérebro. Pouco importa, agora sei que devo me apressar. Estive pensando nestes dias e juntei alguns fragmentos de memória. Lembro de um dia estar professando minha fé em Deus no meio da praça e tentando reacender a centelha de amor existente no coração amargurado da maioria dos transeuntes.

- Meus amigos, o amor está no coração de todos! Deus está no coração de vocês... Deus é amor! Deus é união... Olhem no espelho e vejam suas faces, quantas pessoas vocês já ajudaram hoje? – dizia eu.

A multidão... Ta mentira, tinha umas 10 ou 15 pessoas, acho que não se liga muito para Deus nas sociedades atuais. Sim, eu disse sociedades. Acredito que existam diversas sociedades no mundo, mas este raciocínio conto em outra história. Sei que estavam todos me ouvindo. Percebi que um cara batia fotos e mais fotos minhas. No fim das minhas palavras fui até o fotógrafo e indaguei-o o porquê das fotos. Ele respondeu que era para o jornal da cidade, desculpem, mas não recordo o nome da cidade, já o nome do jornal era Noticias Alheias, aliás, era Marcas dos Pampas, não, acho que era Dia a Dia, ah!... Não sei. 

No outro dia, a caminhar por uma praça deparei com minha imagem de braços erguidos lembrando o cristo redentor e uma frase em cima: “Um novo messias?”. Confesso que me preocupei com o que deveriam ter escrito, mas não queria perder minhas poucas migalhas para comprar algo que só traria sofrimento.  Aliás, nem precisava mesmo ter comprado aquele lixo de jornal sensacionalista, pois uma multidão me aguardava para o sermão, e, agora, era realmente uma multidão. Não me preocupei muito, quer dizer, tremi nas bases. Nunca tinha falado para tantas pessoas.

Comecei minha fala de forma moderada agradecendo a presença de todos. Sentei e comecei a contar uma história, queria elucidar a importância do amor e do perdão. Todos ouviram com certa atenção minha história, mas percebi nos olhares que queriam mais do que isso. Ouvi então a frase que já esperava havia algum tempo:

- Você se diz o messias, não? Então porque não faz um milagre?

Nem sei quem falou estas palavras, apenas lembro que algo tocara meu ser. Levantei-me fitei a multidão e disparei:

- Dizem por aí que sou o messias, usam a palavra e difamam meu coração. Nunca disse que era messias, e, talvez, nunca seja. Porém meus amigos usaram de minha imagem para vender, para lucrar. Não sou nenhum milagreiro nem santo, mas mostrarei, a todos, um milagre. Peço para que façam o que eu pedir, tenho certeza que vocês sairão renovados desta praça. Respirem fundo, parem, um segundo, o pensamento. Sintam a respiração, percebam o ar entrando no pulmão e saindo... Olhem a sua volta e vejam o céu azul! Para aqueles que não podem ver concentrem-se na batida dos seus corações...  Sintam a brisa tocar a pele, e os nervos levarem a sensação deste toque ao cérebro, causando imenso prazer... Escutem o canto dos pássaros e à tarde fagueira que se vai...  Fechem os olhos e sintam o cheiro da grama verde, o cheiro da cidade, o cheiro da vida!... Olhem para dentro de si e procurem aquele sentimento louco, o qual está em falta na vida de vocês... o amor! Senhores o amor! – Todos estavam em silêncio e pareciam concentrados - Acabei de lhes apresentar o maior milagre do mundo! Os sentidos! O amor! A vida! Tudo isso, senhores e senhoras, é um milagre, um milagre de Deus! Querem provação maior? – Fitei a todos e voltei a sentar.

A multidão ficou alguns segundos refletindo. Alguns foram saindo. Continuei minha história e tudo que tinha planejado. No fim, muitos ainda resistiram. Uma grande parte veio me agradecer pelas palavras, respondi os agradecimentos com uma frase: “Transformem as palavras em atos e mudem suas vidas”. Peguei minha sacola com roupas e rumei para outra cidade, com a certeza de ter tocado o coração daquelas pessoas mostrando o verdadeiro milagre... A existência!  Para descobri-lo, amigos, precisamos apenas colocar uma palavra em nosso vocabulário: Contemplação.  Cansei de escrever por hoje, espero não mais atrasar. Em ultima caso mandarei meu neto escrever. Fui...

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Capítulo 1 - O primeiro encontro

Acabei de acordar e nem saí de minha cama ainda, prefiro escrever a me levantar. Creio que não tenha muito tempo.
Continuando a caminhada que aqui iniciei.... Minhas memórias levam-me a primeira pessoa que encontrei. Não lembro que dia era, nem tampouco quanto tempo faz, mas lembro que o sol dominava o azul e algumas nuvens davam um toque de pintura ao céu. Estava caminhando pela praça central de minha cidade e sentei-me em um dos bancos para contemplar tal magia. Deixei o azul penetrar minha alma. Acredito que se algumas pessoas aprendessem a arte da contemplação seriam mais felizes e menos estressadas. Observei ao meu redor e vi um senhor sentado no banco ao lado com as mãos em seu rosto.  Aproximei-me dele e toquei o seu ombro. Ele olhou-me assustado e disparou:

- Não tenho esmola!- olhei-o com amor e ternura.
- Senhor, não sou mendigo, nem, tampouco, preciso de sua esmola...
- O que tu queres então?
- Sou um seguidor de Deus e percebi o quanto estais triste.... O que aconteceu meu querido?
- Seguidor de Deus? Como assim? Diga-me um versículo da bíblia então...
- Porque todos acreditam que conhecer a bíblia é professar a fé? Não lhe direi nada... Apenas olhe em meus olhos e tire a sua conclusão. – ficamos nos fitando por um bom tempo.
- Sabe como você se chama?
- Me chame apenas de Monge peregrino.
- Então Monge peregrino... Estou em uma sinuca. Acabei de perder o emprego... Minha mulher está grávida e não tenho dinheiro sequer para uma consulta... Estou desesperado.
- Entendo... Mas pergunto ao senhor... Tu acreditas?
- No que? Em deus?
- Sim... No Deus que existe dentro de você!
- Claro que sim...
- Então, do que mais precisas? Tudo é possível àquele que crê.
- Vou ser sincero, não sei se saio dessa.
- Não olhe o futuro com olhos negros, pois assim ele o será. Acredite em você! Acredite! As pessoas podem te dizer que tens de ser realistas., mas quem cria a realidade? Somos nós! Você cria a sua realidade... Deus lhe dá as ferramentas, mas se você não acreditar... – Senti um fervor invadir meu corpo como se algo dominasse minhas palavras.
- Mas como poderei acreditar se sou um fracassado?
- Realmente. Os fracos é que não acreditam em si... Os fracos é que vivem em autocomiseração. Você tem que ser dono do seu destino! Acredite e as portas se abrirão. Lembra da história do Abre-te Sésamo? Então, não eram as palavras que importavam, mas o quanto de fé dava-se a elas. Entende... Se continuares neste poço sem fim cada vez mais tu se afogará. Levante desse banco e mostre para o mundo sua força. Venha comigo!
- Hm!? Vai me levar aonde monge?
- Levante-se e venha.

Ele levantou-se e me seguiu. Levei-o a uma empresa mobiliária, pois algo me dizia que ele trabalhava com isso. Chegando na frente da empresa ele me indagou:
- O que o senhor pretende? Acabei de ser demitido da empresa concorrente a essa. Não irão me contratar.
- Confie em mim.

Entrei e perguntei a recepcionista:
- O dono está?
- Sim, o senhor gostaria de falar com ele?
- Sim! Chame-o aqui....
Então a recepcionista foi chamá-lo.

- Como assim? – perguntou meu novo amigo-com essas roupas ela não te mandou embora?
- Já te falei... Acredite! E as portas se abrirão.

O dono da empresa apareceu e cumprimenta-me com um sorriso juntamente com meu amigo.

- Senhor, acredito em você e sei que és um bom homem. Trago aqui ao meu lado um grande amigo que acaba de perder seu emprego. Pouco importa o motivo de tal fato, mas peço ao senhor que faça uma entrevista com ele. Sei que é um ótimo profissional.

- Mas não temos vagas aqui. – respondeu o patrão. Fitei-o firmemente e respondi:
- Uma entrevista não mata ninguém, aliás sempre deve-se ter lugar para um ótimo funcionário.
- É, mas ele foi demitido... Espera um pouco, acho que o conheço. Você não é o Jorge que trabalha na concorrente?
- É... Assim, trabalhava.
- Então senhor, faça uma entrevista com ele...
- Tudo bem.. Venha comigo Jorge.

Os dois foram até a sala do patrão. Olhei para a recepcionista, dei-lhe um aceno e parti. Tinha que continuar minha jornada. Quanto ao Jorge vi-o na semana passada vendendo um imóvel com o crachá daquela empresa. Não sei se o ajudei, porém espero que ele tenha entendido que: “Tudo é possível àquele que crê”. Acreditar, realmente acreditar! Esta é a palavra dos fortes. Bom, chega de escrever por hoje. Meu estômago já está reclamando algumas migalhas de pão. Abandono, por um breve tempo, meu querido diário e algum eventual leitor destas memórias tão fatigadas pelo tempo. Até mais...

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Capítulo 1 - O Chamado

Muito prazer aos que estiverem lendo minhas memórias esquecidas neste diário. Acredito que um nome pode definir uma personalidade. Chamo-me Luiz, que vem do Latim e a palavra que permeia o significado deste nome é Coragem. Sempre fui muito audacioso e nunca temi o futuro. Começo, hoje, a escrever minhas memórias. Já que estou no fim de minha jornada e meu grandioso pai já está para me levar ao seu encontro. O dia amanheceu nublado. E a falta do sol dá um aspecto macabro as casas. Observo o caminhar das pessoas pela janela. Cada um com um aspecto diferente, alguns com uma centelha de vida, outros mortos dentro de si.

Lembro de quando meu pai chamou-me para a vida espiritual. Tinha 15 para 16 anos e aflorava dentro de mim o desejo carnal. Não podia ver uma mulher de saia que o sangue se concentrava em um ponto de meu corpo. Porém sempre tive uma vida religiosa muito forte. Batizei-me, como todo católico, logo que nasci e casei-me com minha religião. Participava de todas as missas e cultos, mas não podemos superar o instinto animal dentro de nós, apenas controlá-lo.

Lembro de estar na capela rezando quando algo inexplicável aconteceu. Perdi as forças de meu corpo e cai. Senti algo  entrar em minha carne e vi o senhor com suas mãos esticadas chamando-me. Cheguei perto dele e seus dedos tocaram minha face. Logo me vi caminhando por entre as ruas, professando sua palavra e disseminando o seu amor, que, segundo ele, estava esquecido dentro das igrejas. Vi  uma mulher ao meu lado protegendo-me de mim mesmo. Então voltei a meu corpo e um impulso fez-me sair da capela e nunca mais voltar para meu lar.

Espero que meus pais, ao lerem estas memórias, entendam-me. Eu tinha que atender ao chamado do senhor e já não tinha mais tempo. O mundo estava caindo em desgraça e o carnal estava vencendo a luta contra o amor.  Saí do templo para entrar na história, não do mundo, pois nunca tive essa pretensão, nem tampouco da bíblia. Sai da capela para entrar n a história de algumas pessoas e modificar as suas vidas.

 Agora, Morfeu me chama para seus braços. O sono já não permite escrever estas linhas. Talvez alguns detalhes faltem na minha história, mas espero que todos entendam os ensinamentos que tentarei passar em meus breves contos. Toda caminhada começa com um pequeno passo e este foi o meu.